Egresso da UFSC participa da restauração da Catedral de Notre-Dame em Paris
Formado em História da Arte pela Universidade Paris 4-Sorbonne e Conservação-Restauração de Pinturas pela Universidade Paris 1 Panthéon-Sorbonne, da França, e egresso do curso de Direito da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Tiago de Souza Martins participou, de 2022 até este ano, do processo de restauração da Catedral de Notre-Dame, em Paris. O brasileiro trabalhou na restauração de oito quadros e um modelo do tapete do monumento religioso, que foi atingido por um incêndio de grandes proporções em 2019.
Natural de Florianópolis, Tiago foi aluno da UFSC no curso de Direito, entre 1999 e 2004 e, após de concluir o mestrado em Direito com enfoque em Relações Internacionais também na UFSC, foi para a França em 2007. “Quando saí do Brasil para estudar Conservação-Restauração, essa graduação ainda não existia no país. Hoje, já contamos com cursos de graduação no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Pará, mas precisamos que esses profissionais sejam valorizados ao concluírem sua formação”, argumenta.
Desde que se formou na Sorbonne em 2015, trabalha restaurando quadros para os principais museus franceses, como o Louvre e o Palácio de Versalhes, além de pinturas murais para monumentos históricos, como a Igreja Saint-Germain-des-Près.
Antes de retornar à Catedral de Notre-Dame, os oito quadros restaurados pela equipe de Tiago entre 2022 e 2024 foram exibidos em uma exposição especial organizada pelo Mobilier National de Paris, intitulada Les Grands Décors Restaurés de Notre-Dame, ou As grandes decorações restauradas de Notre-Dame em tradução livre.
De acordo com Tiago, o objetivo da exposição foi valorizar a profissão de conservador-restaurador e informar o público sobre a importância do trabalho para a salvaguarda do patrimônio cultural. Confira o vídeo de divulgação da exposição, no canal da Fondation Notre-Dame, no YouTube.
Além dos quadros, o brasileiro também restaurou o modelo para o tapete utilizado em ocasiões especiais na catedral, datado do século XIX e resgatado no incêndio de 2019.
Tiago destaca que a preservação e a conservação do patrimônio artístico e histórico, como Notre-Dame, é essencial para manutenção da identidade cultural, pois possibilita a transmissão de valores e memórias às futuras gerações. “Além de educar e inspirar, esse patrimônio reflete a história e promove o desenvolvimento econômico por meio do turismo cultural. Ao valorizar e proteger o patrimônio, a sociedade reforça seu compromisso com a memória coletiva, a criatividade e a sustentabilidade.”
“Se restaurarmos nosso patrimônio, por exemplo, fomentaremos a educação e, também, o desenvolvimento econômico: o turismo cultural, impulsionado por museus, monumentos históricos e exposições, gera emprego e renda”, completa.
Reabertura de Notre-Dame
Cinco anos após o incêndio e diversos reparos, a Catedral de Notre-Dame reabriu suas portas oficialmente no dia 7 de dezembro deste ano. Foram convidados cerca de 50 chefes de Estado e governo para o evento, entre eles o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e o príncipe William, do Reino Unido.
A missa reinaugural foi realizada na manhã de 8 de dezembro, com a presença do presidente francês, Emmanuel Macron. Com a reabertura, a Catedral de Notre-Dame espera receber até 15 milhões de visitantes anualmente.